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Eu estava em Buenos Aires, curtindo os meus últimos momentos na redondeza da Rodoviária Internacional de Retiro, quando dei de cara com uma revista em uma banca de jornal. "Idiomas y Comunicación", idealizada e editada pelo jornalista Jaime Marín. Gostei da revista porque ela parece ser algo que eu gostaria de estar fazendo que é trabalhar em uam área de comunicação que se interesse pelos idiomas. Nas faculdades de jornalismo, a questão do idioma é "monocultural", "monolíngüe". Me lembro que nas aulas de teorias da comunicação, tanto alunos cmo professores, pulavam os nomes de autores, escritores e conceitos que não estivessem em português. Já pensou a palavra "führer" porque não se sabe pronunciar. Uma tragédia!
Tenho sentido que no Brasil quando se fala em idioma, as pessoas querem saber se você é lingüista, confundindo lingüista com poliglota. A idéia do jornalista argentino me dá uma saudável inveja. A edição que tenho em mãos, é a de janeiro /fevereiro de 2005. Na capa uma reportagem sobre o III Congreso de Identidad Lingüística realizado em Rosario. Dentro, entre muitas outras coisas, gostei de um estudo da Dra. Alicia Maria Zorrilla com o título "La lengua como espectáculo" (A língua como espetáculo). Tratava do uso da lingua na imprensa esportiva e policial. Um exemplo do texto espetáculo policial:
<< Tres hombres armados asaltaron una fiambrería (fábrica de frios)en Ramos Mejía pero fueron detenidos por la policia luego de protagonizar una espectacular persecución seguida de tiroteo. [...] Un patrullero [...] que recorria la zona observó la acción de los cacos (ladrões, gíria) y comenzó a perseguirlos bajo una lluvia de balas...>>.
A autora da palestra apresentada III Congresso de Rosário, citou um pensador espanhol (Jesús Castañón Rodríguez) que falou de uma "perda da autoridade comunicativa a favor do iconográfico" e de um neo-conceito de "captar a atenção do leitor para ver e ler, em vez de ler e imaginar".
É só um exemplo do trabalho da publicação que mistura comunicação e línguas. A revista é financiada por uma série de escolas, institutos e entidades de jornalismo, linguas, comunicação para a formação de jornalistas, tradutores, revisor de textos e uma série de outros campos. Aqui no Brasil, precisamos de tudo isso incluive espaços para divulgar as nossas pesquisas sobre linguas, imprensa e espetáculo. Aqui também vemos assaltantes empreendendo fuga, acelerando em rua sem saída e, no final, entrando em óbito. A foto que aparece acima não foi tirada por mim. Eu a encontrei no blog Rancho las Voces dos blogueiros Ruben e Jaime Valenzuela que vivem em Ciudad Juarez, México, na fronteira com os EUA. Sugiro uma visita ao blog Visor Fronterizo dos mesmos autores com fotos sobre aquela fronteira.
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