sexta-feira, 2 de abril de 2021

Meu romance com o guarani e a aventura de aprendê-lo

Eu e meu livro "El Guarani a su Alcance": um romance de mais de 40 anos


Em 1977 vi este livro, El Guarani a su Alcance, na prateleira de uma livraria em Assunção, Paraguai. Não comprei por que não tinha dinheiro (ó pobreza). Uns dois anos depois, consegui comprá-lo. Mas por excesso de bagagem e necessidade de dinheiro vendi toda uma "coleção de livros" que eu carregava na minha maleta em um sebo de rua em La Paz, Bolívia. Isso significa que meu estudo de guarani estava lá embaixo. No começo dos anos 1990, ganhei um livro do mesmo autor. Com ele fiz uma compilação de tudo o que fazia a diferença no aprendizado em guarani. A saber, uma lista das partículas, sufixos e prefixos do guarani que são a alma tanto do guarani nacional paraguaio (avañe'ẽ) como    do tupi (que no Brasil chamamos entre outros nomes, tupi antigo. O guarani, o tupi e todas as línguas do tronco tupi-guarani são aglutinantes que dizer palavras e conceitos são criadas usando partículas como tijolos básicos. 

O livro de 1990 mais ou menos sumiu. Até hoje procuro ele. Finalmente em 2008, voltei a encontrar o livro El Guarani a su Alcance no SeboFoz em Foz do Iguaçu. Comprei imediatamente.  Doze anos depois em 2020 por causa de um acontecimento global chamado Pandemia do Sars-Covid 19, decidi pegar o livro e colocar o guarani no topo da prioridade. 

O folheto Notísia Porã, foi de grande ajuda
Na época eu estava concentrado no alemão já que eu tinha um projeto imediato de fazer uma viagem à Alemanha para escrever e postar material que para mim seria minha marca de fim de vida ou seja em preparação para ir concluindo minha programação na terra e a Alemanha, por motivos que divulgarei quando finalmente fizer a viagem, é uma parceira. 

Com o Covid no ar, viajar pertencendo ao grupo de risco, tornou-se um sonho distante. Satisfeito com o grau que tinha atingido no alemão, quer dizer chegando ao privilégio de olhar uma página em alemão e não achá-lo estrangeiro, decidi concentrar-me no projeto de aquisição do Guarani de uma vez por todas para acabar com a humilhante situação de recomeços e desistências. E assim foi. E assim parti para a luta.      

 

A Notísia Porã em português
Falhei em anotar a data do início dos estudos. Mas deve ter sido por volta de abril ou maio. Me inspirei ao revisar minhas anotações de 1992. Pegeui o livro e só parei quando cheguei ao fim dele. Anos atrás (2018) eu tinha pego um folheto das Testemunhas de Jeová no Terminal de Transporte Urbano (TTU Foz) chamado "Notísias Porã Oúva Ñandejaragui", folheando-o notei que entendia muita coisa graças ao livro de 1992, mas não entendia a maior parte do conteúdo. Me animei para frequentar uma das congregações das Testemunhas de Jeová com reunião em guarani mas até isso não deu certo por causa do distanciamento social e proibição de aglomeração. Até isso! 

Para piorar a fronteira com o Paraguai fechou. Em julho, fui tomado por um desejo suicida de gravar aulas de guarani em meu canal de You Tube. Minha ideia era que me expondo, eu me obrigaria a aprender a língua de verdade por que pessoas que assistissem aos vídeos iriam no mínimo fazer perguntas, questionar e eu poderia tirar dúvidas delas e correr para os livros para encontrar respostas. Esclareci dúvidas, recebi elogios de jornalistas, profissionais e professores do Paraguai e foi possível notar que eu precisava resolver minhas próprias dúvidas para entender o uso daquelas partículas. 

E como estou hoje? (2 de abril de 2021)

Estou começando a sentir que a língua está cada dia mais fácil e que ela internamente faz sentido. Reafirma o que já descobri antes: não existe língua primitiva. Além do Guarani a su Alcance, continuo explorando o material disponível no site das Testemunhas de Jeová e fiz o download da Gramática Oficial da Academia Paraguaia de Língua Guarani e me matriculei no curso de Profesorado de Língua Guarani na regional de Ciudad del Este do Ateneo de Lengua Guarani, uma instituição superior que forma professores de guarani para o sistema bilíngue de ensino secundário no Paraguai. 

Os desafios são grandes. Devo estudar mais que os outros colegas que nasceram em famílias bilíngues. Mas o curso não é só da língua inclui por exemplo literatura guarani o que significa diferentes níveis da língua. Como disse um desafio. como disse antes, a pandemia continua ditando as regras. Quando a coisas melhorarem, vou aprofundar a imersão aproveitando que estou na fronteira. 

Atualizado para 2024 - Outubro

Me matriculei no curso de Profesorado Guarani em 2021 e nem comecei os estudos. Peuei Covid ou seja o Covid me pegou logo depois quea fronteira reabriu. Resultado só voltei ao Atneo em janeiro de 2024. Fiz a matrícula e comecei a estrudar. Primeiro ano, de quatro. Espero terminar e especialmente se me manter vivo. Hoje 4 de outubro, parto em uma viagem com destino a Assunção, para a sede nacional do Instituto de Lingua e Cultura Guarani, o  Ateneo de Lingua e Cultura para uma atividade de estensão que conta pontos para o currículo. É imensa a a legria e orgulho de mim msmo no sentido de poder ver o camnho deixado para trás com dificuldades entre elas a saúde e estar neste momento. té agiora pelo que sei, o serei o único brasileiro e se isso não bastasse um dos estudantes mais "idosos" da Expriência Ateneo 2024. 

Nesta altura a língua já se abriu para mim. Me permitu entrar nela. Na teoria gramatical tudo tem lógica ou sejo entendo a lógica. Nisso se aprofunda a questão sentimental, carinho por ela. Mas os desfaios continuam. Ainda não entendo bem o falr popular até pelo óbvio para todo estudante de línguas: os nativos falam muito rápido.E além disso tem as variedades de falares. Só o tempo permite que a gente compreenda uma boa fofoca contada em guarani, jopara ou outra jehe'a possivel.     

Nota:

El Guarani a su Alcance, autores: Bartolomé Melià, Alfonso Perez Peñasco e Luís Farré Maluquer. Os três autores pertenciam eram jesuítas catalães. A edição que tenho em mãos é de 1981, Ediciones Loyola.

 

 




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